Despertar das ilusões | Monge Genshô

Despertar das ilusões | Monge Genshô

No início do 3º Desafio Virtual foi a primeira vez que tivemos mais de 100 pessoas sentadas juntas em zazen às 6 horas da manhã.

Meu coração se aquece ao saber desse fato, isso nunca aconteceu antes entre os nossos praticantes de zazen. Mesmo nos mais valorosos sesshins (retiros) nacionais jamais tivemos mais de 100 pessoas sentadas em zazen, porque essa prática é difícil, exige persistência e diligência. São poucas pessoas em todo o mundo que a realizam desta forma tão diligente.

Sempre foi assim no zen, embora o zen seja muito conhecido, muito falado, haja enorme quantidade de textos, hajam 15 mil templos da Sōtō Zen no Japão, embora todos esses números pareçam gigantescos, os praticantes de zazen realmente diligentes são poucos, os monges diligentes também não são tantos assim.

Quando a prática começa a se transformar na prática real de zazen é que começa a haver a possibilidade de despertar. Conhecer e saber um pouco é bom. Compreender a impermanência e falar sobre ela é bom. Mas despertar não depende de saber, é algo interno que depende da nossa compreensão realmente profunda no âmago do coração do Buddha. 

Despertar das ilusões significa abandonar a nós mesmos, nossas pretensões, nossas opiniões, nosso constante achar, acreditar em nós mesmos. Ser capaz de esquecer de si mesmo e dedicar-se ao bem de todos não é realmente fácil numa sociedade que valoriza a individualidade, a opinião própria e o egoísmo acima de tudo.

Então agora atingimos um outro nível e acima de tudo nossa intenção com esta prática regular todos os dias é criar um hábito, romper uma porta, a porta da preguiça, do desânimo, da falta de determinação e, assim, abrirmos a porta da disciplina, da dedicação, da diligência, um primeiro portal do Dharma.

Continuemos assim fortes e diligentes, porque só através de nós mesmos é que conseguimos despertar e a palavra do professor é apenas um guia.  O professor não pode sentar por nós. Não pode despertar por nós.

Lembremos que nos sentamos em zazen principalmente para nos libertarmos da ilusão de nosso eu pessoal.

Teisho matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, setembro de 2020.