Viva a vida | Monge Genshô

Viva a vida | Monge Genshô

Pergunta: Se tornar Buddha não seria egoísmo? Ser Bodhisattva é ser mais compassivo?

Monge Genshō: O Bodhisattva ainda tem a ilusão de que existe eu e os outros, por isso ele ainda é compassivo. Um Buddha sabe que eu e os outros não existem e por isso são um Buddha é uma condição muito mais alta do que ser Bodhisattva. Nos Sutras Buddha muitas vezes diz “em uma vida passada quando eu ainda era um Bodhisattva”.

Claro que nós queremos ser Bodhisattvas, esse é o ideal Mahayana no Budismo, porque somos seres humanos iludidos e nós queremos ser esse ser compassivo. Mas essa condição do Bodhisattva ainda carrega a noção de que ainda há um eu que pode ajudar os outros e um Buddha transcendeu até isso e por isso ele não mais retorna.

Pergunta: Como praticar o vazio em um mundo que valoriza méritos individuais? Como trabalhar e falar sobre isso com jovens que hoje têm acesso a tanta informação não filtrada?

Monge Genshō: Se você vai a um baile a fantasia e usa uma fantasia é porque está participando do evento. Lá você se comporta como se deve se comportar num baile a fantasia, então dança, fala e participa da festa. É isso que está acontecendo agora. Você está vivendo a festa da vida. O fato de você perceber com nitidez o que está acontecendo é um despertar. O despertar tem muito níveis, começa em níveis baixos e vai progressivamente aumentando até chegar à condição de Buddha. 

Então o que dizemos às pessoas que estão indo ao baile? Vistam suas fantasias. Se você está no mundo do trabalho então o que pode fazer? Trabalhar. Se você está aqui vivendo, então simplesmente viva. Aproveite sua vida, ela também é uma grande oportunidade.

Tornar-se um Buddha é um nível em que uma pessoa reconhece que retornar para cá e se manifestar nesse mundo já não tem mais sentido, mas nós todos estamos bastante longe dessa condição então viva a vida e aproveite. Aprenda e progrida nos degraus de Bodhisattva caminhando em direção a ser um Buddha. 

Todos nós temos natureza búdica, ou seja, temos a condição de vir a acordar, mas quantos de nós acordaremos agora? Ao longo de vasto tempo todos poderemos enfim acordar, mas enquanto isso somos como o homem que caiu do precipício e se agarra a um arbusto com um tigre em cima e outro embaixo esperando a movimentação para devorá-lo. Então ele descobre que tem frutos vermelhos no arbusto e ao comer um diz “que delicioso”. Nós estamos na vida então comam os frutos deliciosos.

Perguntas e respostas de palestras proferida por Meihô Genshô Sensei, ano de 2020.