Pergunta: O koan fica sem sentido para uma mente racional?
Monge Genshō: sim, embora você seja capaz de entender do que está se falando. Por isso não dá para ficar explicando koan. Se você explica o koan, ele não funciona mais. Você tem que manter os koans como eles estão, ou inventar novos.
Exemplo: Quando Bodhidharma responde para o imperador Wu, que é o segundo caso do Shoyoroku. O imperador pergunta: “Quem é que está na minha frente?”. Ele diz assim: “Não faço a menor ideia”. Você entende essa resposta?
Aluno: ele não sabe quem ele era efetivamente.
Monge Genshō: isso mesmo. Ele diz: “não faço a menor ideia”. É uma grande resposta, maravilhosa. É uma resposta que está dizendo: eu não estou preso a essa questão de identidade pessoal.
Cheguei na frente do meu mestre, Saikawa Roshi, e ele perguntou: “Quem é você?”. Eu disse: “Saikawa Roshi”. Essa é uma boa resposta, não?
Estava falando com uma Mestre do Son, que usa koans também, da tradição coreana. E ela disse: “Por que você pratica?”. Eu respondi: “acho que para sentir isso ou aquilo…”, e ela pediu: “pergunte para mim, por que eu pratico”. Então eu perguntei: “por que a senhora pratica?”. E ela respondeu: “por você”.
Faz sentido? Na verdade, quando respondemos o koan do modo certo parece uma obviedade. Há muitas histórias magníficas assim.