Mensagem de Fim de Ano - Parte 1 | Monge Kōmyō

Mensagem de Fim de Ano - Parte 1 | Monge Kōmyō

Boa noite a todos,

Eu solicitei essa prática de hoje para que eu pudesse oferecer a vocês menos uma palestra de Dharma e mais um fechamento sobre esse ano.

Para os praticantes novos, de fato, esse ano foi um recomeço para a sangha Daissen de Niterói e o nascimento da sangha do Rio de Janeiro. A sangha de Niterói, durante o período entre 2019 até esse ano, passou por momentos difíceis, e graças ao Chikō-san, a prática de alguma forma foi mantida.

Esse ano eu retornei tanto a minha vida pessoal quanto a minha responsabilidade monástica. E, ao retornar, nós tivemos a oportunidade e o mérito de também poder de fundar a sangha do Rio de Janeiro. Sustentação de sanghas é um caminho árduo, porque, sem o discípulo, sem o aluno, não existe a sangha. Eu, por muito tempo, em Niterói, procurei criar uma sangha Zen que pudesse ser continuada em oferecer a prática. Infelizmente, durante muito tempo, esses esforços não foram adequados ou não foram suficientes. Então, várias tentativas de consolidar um sangha foram dadas ao fracasso. Essa sangha em Niterói, atual, ela surgiu mais ou menos a oito a dez anos atrás, onde, aos poucos, eu consegui encontrar alunos que desenvolveram interesse em continuar a praticar.

A prática Zen é uma prática que sempre depende de uma relação entre professor e aluno, mestre e discípulo. E, durante esses meus quarenta anos como praticante, apenas esse ano eu realmente fui autorizado a ensinar como um sensei. Por muito tempo, eu procurei formar uma sangha como um leigo e depois como um monge noviço. E esse foi o ano da inauguração da minha posição de sensei. Ela ficou adiada desde 2019, quando eu retornei do Japão.

A prática é simples, mas não é fácil. Vocês sabem disso. Mas eu também sei, porque eu já fui como vocês um dia. Eu já fui uma pessoa iniciante, uma pessoa com problemas pessoais, que não conseguia entender direito os ensinamentos, a linguagem, e que lutava para sustentar uma prática. Eu não sei quanto tempo vocês vão continuar praticando o Zen ou nas sanghas Rio e Niterói. Mas eu quero dizer que eu fico muito feliz com a sua presença. E eu agradeço profundamente a confiança que vocês depositam em mim, em Anshin-san, meu coordenador aqui de Niterói, e Aishi-san, meu coordenador no Rio. Eu mesmo tempo agradeço a confiança desses dois coordenadores, em mim, apesar das minhas falhas.

Na prática todos nós falhamos, todos nós tentamos, aprendemos, aprimoramos e amadurecemos. Assim é a prática. Por favor, entendam que a prática não é uma solução imediata, ela não é uma pílula que vocês irão tomar e transformar a vida em uma maravilha. A prática tem como função mostrar a vocês a nossa fragilidade como indivíduos. Mas não com culpa, não com depressão, não com sadismo. Essa realização com nossa fragilidade, ela serve para que nós possamos compreender que, se nós queremos uma vida melhor, nós primeiro precisamos ser muito humildes conosco. Saber que nós não somos perfeitos, saber que nós todos precisamos aprender muito na vida. Como diz uma frase Zen: “fazer zazen ao viver, fazer zazen ao morrer”.

(CONTINUA)


Palestra proferida por Kōmyō Sensei no Daissen Virtual em 6 dezembro de 2022.