Mensagem de Fim de Ano - Parte 2 | Monge Kōmyō

Mensagem de Fim de Ano - Parte 2 | Monge Kōmyō

(CONTINUAÇÃO)

Não foram poucos os monges e mestres da tradição Zen, em séculos atrás, que morreram na posição de zazen. É uma forma de valorizar essa experiência, que não termina nunca. Nem mesmo o Buddha, após deixar de ser Siddhārtha Gautama, e se tornar o Buddha, nem ele mesmo deixou de praticar o zazen.

Esse ano foi um ano difícil para mim, porque foi um ano de retorno em muitas coisas. Retornei à Niterói, retornei à minha vida pessoal, à questões da minha família, questões pessoais, como vocês, problemas. Retornei à minha responsabilidade monástica, foi um ano que para mim foi difícil. Mas muito gratificante também. Foi um ano em que eu descobri pessoas e tive, mais uma vez, a experiência de como é possível encontrar seres humanos maravilhosos na vida. E nós jamais devemos pensar que estamos realmente sozinhos.

A prática de uma Sangha é uma prática em que cada individuo, mesmo que não conheça bem um ao outro, cada um de vocês, agora, nesse momento, no mundo virtual, cada um de vocês em suas casas, ao praticar, vocês incentivam e apoiam todos os outros que estão aqui. Incentivam e apoiam a mim como professor, ao Anshin-san, porque, a nossa troca, a nossa relação, é o que há de mais importante no Zen. Eu espero que vocês tenham obtido mesmo que um módico de aprendizagem com minhas palavras. Eu me esforcei muito para isso. Eu peço muitas desculpas se eu falhei de alguma forma com vocês.

“Como é da prática Zen, se nós erramos, vamos tentar melhor da próxima vez”.

Eu agradeço muito, profundamente, a Aishi-san no Rio de Janeiro e a Anshin-san, até fora do âmbito da prática. A paciência que eles tiveram, a paciência que vocês praticantes também tem. Um aspecto tão importante quanto a compaixão no ensino de Buddha é a capacidade de agradecer. E eu gostaria de dizer a vocês todos que eu me sinto muito grato pelas sanghas de Niterói e do Rio.

Existem percalços, problemas, alguns dias não tem, outros dias tem, mas nós continuamos. E é assim que se forja uma Sangha: o esforço em continuar. Apesar de minhas falhas em constituir uma sangha no passado, eu sempre tentei me esforçar. Aprendi com meus erros e tentei fazer melhor. E agora eu tenho a sangha de Niterói e a do Rio. Eu tenho vocês como meus alunos, e fico muito agradecido. Ficarei muito feliz se vocês estiverem aqui no ano que vem. Se algum de vocês não poderem estar, ou decidir ir para outros caminhos, eu também vou ficar feliz. Porque o simples fato de vocês estarem interessados em uma prática de autoconhecimento e autoequilíbrio significa que vocês são pessoas que querem uma coisa boa para vocês mesmos.

Àqueles que continuam, eu me comprometo a me esforçar cada vez mais. Àqueles que forem embora, eu desejo grande paz e aprendizagem em qualquer caminho que vocês sigam. Tanto a sangha do Rio quanto a de Niterói irão continuar oferecendo práticas até um pequeno período de recesso entre 23 de dezembro e 1 de janeiro.


Palestra proferida por Kōmyō Sensei no Daissen Virtual em 6 dezembro de 2022.