Para explicar isso melhor tem aquela história da carroça escrita por Nagasena. Ele pergunta ao rei Milinda, o que é isso? E ele diz: uma carroça. E ele pergunta: as rodas são a carroça? O eixo é a carroça? O estrado é a carroça? Nada é a carroça, mas tudo junto composto daquela maneira é a carroça, então onde existe a carroça se nada que está ali é a carroça? Os carros nossos ali fora, o ferro, os bancos são os carros? O motor é o carro? O aço, a borracha etc… O carro existe como uma organização da nossa mente. A casa também, nada é a casa em si, são só pedaços que juntos numa determinada forma nós olhamos e dizemos é…na verdade, não tem raiz. Todos os dharmas são sem raiz, mas quem são vocês? Dharmas. Vocês são fenômenos. Todos nós somos fenômenos. Onde está nossa raiz? Na vacuidade? No vazio? Então não tem raiz. Então quando perguntamos quem sou eu? Temos que considerar este aspecto. Eu sou fenômeno, eu sou dharma, não tenho raiz. Como, se minha raiz é na vacuidade, como eu posso desaparecer? Como eu verdadeiro, a minha verdadeira natureza pode desaparecer porque aquilo que eu penso, sou eu, é como carro, pedaços reunidos, fenômeno, mas na verdade eu mesmo sou vacuidade, manifestação na vacuidade, não é? Por isso o Cipreste no Jardim é uma Árvore sem Raiz. Então todos os dharmas são sem self. Em outras palavras todos os dharmas nada são se não a Árvore sem Raiz. Todos os dharmas não possuem self, não possuem existência intrínseca. São todos pedaços funcionando, somos nós ali sentados no zazen. Vejam que o que nós pensamos que somos nós, são só pensamentos se sucedendo em nossas mentes e porque os pensamentos se sucedem na nossa mente nós dizemos eu existo. Quando não há pensamento em funcionamento ou atividade mental, pergunto para vocês: onde estão vocês? Quando não há atividade mental, quando não há pensamento, quem existe? Se nós penetrarmos estas coisas e respondermos verdadeiramente, nos libertamos, mas o ensinamento disso parece confuso, paradoxal e sem sentido porque é muito profundo.