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Um outro tópico para nós olharmos sobre essa questão é o que acontece quando você liga a televisão, coloca um filme para rodar e faz uma escolha. Não vamos nem falar sobre a ilusão visual, porque o que aparece na tela são pontos luminosos, e você escolhe, com sua mente, considerar que são pessoas que estão surgindo lá. Mas, assim como na figura de tinta e papel, na tela, pontos de luz lhe dão a imagem de uma pessoa porque você escolhe ver assim; se quisesse, você poderia ver apenas pixels, pontos de luz.
Mas você começa a ver o filme, você tem uma escolha. Novamente, você pode entrar na história e se comover, chorar, ficar furioso, rir, ou se revoltar com uma determinada coisa que aparece. Mas tudo isso são escolhas dentro da sua mente, porque você abdica de sua liberdade para ver uma determinada representação. Então, se você tivesse uma mente plenamente iluminada, poderia a qualquer momento voltar para a liberdade. Eu estou livre, não tenho que entrar nessa história nem na representação, são atores. Ou, eu quero me comover com essa história, eu quero entrar nela, e você entra.
E você pode entrar e sair quando quiser? Se você puder entrar e sair quando quiser, você entra na emoção e sai da emoção quando quiser, isso seria uma mente livre. Quando você perde a sua liberdade, e não vê mais que se trata apenas de pixels na tela, e entra nas emoções e não consegue sair das emoções, então você mergulhou em Avidyā, na ignorância.
Agora, saiamos do filme e vamos para a vida real. Todas as emoções também são assim, todas as paixões também são assim. Você faz uma escolha, uma escolha por uma paixão, por um determinado sentimento, abdica da sua liberdade em favor desse sentimento. E é assim que nós vivemos. Por isso, vivemos em Avidyā e, como nós veremos na próxima aula, esta é a origem da própria manifestação, a ignorância. E esse é o ensinamento básico de Buddha sobre a originação dependente. Como surgem as coisas? Elas surgem, para começar, com Avidyā, nossa ignorância, nossa perda de liberdade pela nossa escolha, por uma identidade, por isto ou por aquilo, por uma preferência ou por outra. Na iluminação, não existem preferências. Por isso, aquele que não tem preferências é livre.
Pergunta: “Bom dia Sensei, bom dia sangha. Li uma vez sobre a importância de se nomear e identificar os pensamentos no sentido de se buscar as profundas raízes destes. Como isto poderia ser entendido?”
Genshō Sensei: “Nós podemos nomear e rotular. Acredito que tenha lido isso em um livro de Charlotte Joko Beck, que foi uma mestra americana da nossa escola Sōtō. Mas esse procedimento, quando você senta em zazen e diz “ah, eu vi isso”, “surgiu tal sentimento”, “ah, isso é isso”, isso é vaidade, isso é orgulho, isso é ignorância. É um procedimento de treinamento para perceber, mas ainda não é shikantaza, porque shikantaza é apenas sentar-se, não cogitar, não rotular, não fazer nada. Então, esse processo de rotular é um processo preparatório, é uma maneira preparatória de começar a treinar. Assim como observar, assim como contar respirações, ou qualquer coisa assim. Servem para o início de um treinamento no zazen, mas não são shikantaza propriamente dito, que requer nenhuma atividade.”
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Palestra proferida por Genshō Sensei em teishō na Daissen Virtual em dia 20 de janeiro de 2024.
