O Movimento Mahayana | Monge Genshô

O Movimento Mahayana | Monge Genshô

Os Sutras Prajna Paramita são aproximadamente 600. Nenhum deles é do tempo de Buda, todos eles são posteriores, portanto não entram na coleção do cânone das escolas fundamentais, mas entram em todo o movimento mahayana que se espalha pela China, Japão, Tibete e ocidente agora.

O ocidente é produto deste grande movimento que se volta para os leigos e diminui o papel dos monges. Como? Dizendo que os leigos podem se iluminar da mesma forma que os monges, quando a ideia anterior para um leigo era: “eu apenas dou comida para um monge, numa próxima vida talvez eu venha a ser monge e possa me iluminar, enquanto nesta vida sou só um leigo, no máximo eu posso apoiar a sangha budista”.

Por isso, no conceito da escola Theravada, por exemplo, que é a única sobrevivente que se baseia no canon pali, sangha é só a sangha dos monges. Você se apoia na sangha dos monges, enquanto que todos os outros grupos não são sangha. Já no Zen, dizemos “a sangha” para toda a comunidade e não só para os monges, então incluímos os leigos. Essas grandes distinções marcam essa diferença entre um momento do budismo, o momento em que a sangha dos monges era a mais importante para o momento da expansão do papel dos leigos e do seu crescimento.

Daí surge um Sutra muito importante, que é o Sutra de Vimalakirti, um homem comerciante. Esse é um Sutra do Séc. I, e marca o momento em que o budismo mahayana se distancia do movimento anterior, porque transforma em herói, em iluminado, em melhor que os monges, um comerciante. O Sutra diz que todos podem ser Bodhisattvas, inclusive os deputados, senadores, etc. Se quiserem, se tiverem a conduta adequada podem ser Bodhisattvas e beneficiar todos os seres. Não é intrínseco ao papel de leigo uma dificuldade, mas sim, importa a sua atitude.

Vimalakirti diz aos discípulos de Buda: “meu mosteiro é na cidade, o seu é na montanha, mas o meu é lá onde estão as pessoas que precisam de dinheiro e de comida, é lá que eu trabalho”. Ao fazer isso, ele acusa implicitamente os discípulos de Buda, os monges, de serem parasitas sociais e de estarem apenas recebendo da comunidade sem alimentá-la, sem retribuir a ela com o seu trabalho, o que é diferente do que ele faz. Esse é o grande momento do Sutra.

Então é um Sutra combativo na sua declaração, e depois dele vem uma conciliação através do Sutra do Lótus, que tenta acalmar essa situação dizendo que os monges têm um papel, que os leigos têm outro papel e que nós podemos conciliar isto. Esse Sutra também se torna muito importante dentro do movimento mahayana.