O ensinamento | Monge Genshô

O ensinamento | Monge Genshô

(…) Muitas das traduções que foram feitas no ocidente possuem grandes enganos, porque não haviam as palavras certas para nos referirmos ao que o budismo estava falando. Quando os ensinamentos budistas falam, por exemplo, em nova manifestação cármica isso foi traduzido no ocidente como reencarnação ou renascimento, o que não é em absoluto o ensinamento budista. O ensinamento justamente diz que os eus são ilusões e estão a todo momento desaparecendo, o eu de ontem já não é o eu de hoje, tudo isso é mera construção ilusória das mentes das pessoas e como explicar isso? Até mesmo professores budistas se atrapalham, porque fazem uso de palavras que costumeiramente foram usadas no ocidente para expressar ensinamentos que são intraduzíveis para nossas línguas ocidentais, simplesmente porque não existe tradução linguística para esses termos.

Quando nós falamos de vazio também isso cria confusões, mas se usarmos a palavra em sânscrito que foi traduzida como vazio falaremos shunya e teremos que defini-la. Assim vamos voltar ao conceito de: vazio de um eu inerente. O que acaba sendo um conceito filosófico complexo e difícil de explicar e isso acaba fazendo do Zen atrativo para pessoas mais sofisticadas intelectualmente, gerando a acusação de elitismo. Mas você não pode fazer nada, porque se você simplificar passará a não falar mais sobre budismo. Tenho que explicar o conceito como Buddha explicou e essa explicação tem sua sofisticação e complexidade. Não pode ser simplificado, porque se não perderemos os significados. (…)

Trecho da palestra proferida por Meihô Genshô Sensei, Goiânia, 20/02/2020.