Libertando a Mente

Libertando a Mente

As pessoas levam um bom tempo pra se declararem budistas, normalmente passam bastante tempo pensando, “eu sou budista?”, “não sei”. Até que um dia, a pessoa diz: “eu sou budista”, e ele se tornou, não foi convertido. Ele tem até uma ideia do quê é ser budista, que pode ser diferente da ideia de outra pessoa. E com o tempo ele vai ser o quê? Ele mesmo. O budismo serviu de que? De veículo pra sua libertação. É isso que o budismo é, um método, um veículo para sua a libertação, iluminação.

E o que é a iluminação, de verdade? É lucidez, lucidez completa sobre os mecanismos da vida, não ilusão, não se deixar arrastar pelos sonhos que vão conduzindo as pessoas, enrolando de forma tal que a pessoa no fim não consegue nem ser feliz, porque comprou sonhos – eu tenho que ser isso, tenho que ser bem sucedido, tenho que ser vitorioso, tenho que ser triunfador, tenho que ser, eu não sei o quê, etc, coisas que ficam tentando vender para  a gente todo o tempo.

O processo de ser monge, no fim, é dizer: “eu não vou ser nada do que vocês estão imaginando que eu tenho que ser, vou raspar minha cabeça para demonstrar isso, ninguém vai me vender nenhuma tintura, ninguém vai me vender nenhum penteado, ninguém vai fazer nada disso, porque estou recusando entrar nesse tipo de processo em que alguém me convence de algo ilusório”, e daí a gente pode imaginar que há monges que se tornaram bons monges mesmo, cresceram, se iluminaram e deixaram crescer o cabelo.

Tem uma mestra americana, Charlotte Jokko Beck, ela se tornou monja, uma grande mestra, bastante respeitada, aí quando chegou no fim da vida, ela deixou crescer o cabelo, parou de usar roupa de monja, as pessoas telefonavam para ela e diziam: “Posso visitar a senhora? Tenho sonho de conhecê-la”, e ela dizia: Mas para quê? Eu não tenho nada para dizer…”.  Quando tiverem oportunidade leiam os livros dela, são interessantes, assim como de outros monges que optam por outra vida, como Thich Nhat Han, o Mestre Zen vietnamita, que está morrendo, ele já está velhinho e passou a vida escrevendo, ensinando, e tudo o mais, e tinha ideia do que seria a vida que ele queria ter, teve a liberdade de ter a vida que queria. Porque se libertou.

E isto é o Zen.