A iluminação de Buda | Monge Genshô

A iluminação de Buda | Monge Genshô

Aluno: Então um texto de Dogen seria, no Dharma, como se fosse o mesmo de Buda, são dois seres iluminados que estão transmitindo uma verdade…

Monge Genshô: É uma visão correta, no budismo a realização não é única. A realização é permanente e um mestre iluminado é uma manifestação de Buda.

Aluno: A iluminação de Sidharta foi igual a qualquer outra e Sidharta teve uma relevância e importância por codificar os sutras?

Monge Genshô: É um pouco mais porque primeiro ele fez isto sem que alguém iluminado tivesse ajudado e, segundo, nós dizemos “Samma Sambudha” – completamente iluminado – não é uma realização parcial, uma iluminação parcial, mas uma iluminação tão completa que não sobra nenhuma energia para manifestação posterior dele.

Então Buda quando morreu, se extinguiu, ele não retorna mais. Iluminações parciais ele pode ter tido em manifestações anteriores, em vidas anteriores, mas naquela realização de Buda, isto é axiomático para o budismo, ele teve uma realização completa, plena, se manifestou na vida dele final, o que não quer dizer que outras pessoas não tenham este mesmo tipo de realização ou que venham a ter, mas em todo o caso, eles se beneficiam do fato de ter um modelo anterior.

Por isso é que nós sempre fazemos aquela cerimônia de refúgio, nós tomamos refúgio em três jóias – primeiro no Buda, nosso modelo que ele conseguiu fazer…, nos trouxe um ensinamento de uma forma que ninguém tinha feito antes, pelo menos não que fosse lembrada e, se foi feita antes, foi feita e nós recitamos estes Budas míticos para nos lembrar disto. Buda não é uma divindade, um profeta, não é isto; ele é o Buda, o realizado, alguém que se realizou completamente e nós podemos fazer a mesma coisa, segundo o Dharma, que é o ensinamento que é “a jóia”.

O Dharma nos permite compreender e nos dá também a técnica com a meditação, como sentar, etc, técnicas que vieram de culturas anteriores também, mas que o budismo aproveita e Buda aproveitou como caminho.

Depois temos a Sangha, que é o grupo de pessoas que tem problemas e que se atritam, atrapalham os outros e que nós temos que aprender a tolerar na nossa prática. Por isto esta imagem tão constante no Zen do arroz com casca sendo batido com um pilão, isto é a Sangha – através do atrito um com o outro, dos problemas que a gente enxerga nos outros, é que nós podemos aprender e realizar o nosso caminho espiritual.

Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei em 2014.