Diz-se no budismo que ter a oportunidade de se manifestar como ser humano é uma grande chance, um grande privilégio e que devemos reconhecê-lo. Dentro de bilhões de formas de seres que não têm clareza, o ser humano tem uma oportunidade de pensar e decidir.
Uma vez ouvi um ensinamento de um rabino e ele dizia que o homem tinha sido criado diferentemente das feras que apenas seguiam seus instintos e diferentemente dos anjos que não podiam fazer nada errado, porque estavam diretamente ligados à uma divindade. Então o homem estava entre esses dois seres, era nem anjo e nem fera.
Trazendo esse ensinamento para o âmbito do budismo, os animais vivem em uma obscuridade mais profundamente ligados aos seus sentidos e seus instintos determinam suas ações. Os devas, seres superiores, tem grande felicidade e prazer devido aos seus méritos e não experimentam sofrimentos como os seres humanos. Assim sendo, é o fato de sermos humanos que nos permite ter as dores e os sofrimentos, mas ao mesmo tempo a clareza e a experiência de coisas boas, que são um misto da vida humana.
Assim, a vida humana nos faz desejar conhecer o Dharma e nos libertarmos de nossas prisões. Por esta razão nosso corpo humano é precioso e precisa ser respeitado. Nossa vida é um imenso privilégio e se compreendermos isto não poderemos desperdiçá-lo, porque no momento em que perdermos as nossas vidas o estado de nossas mentes será importante.
Devemos, portanto, respeitar profundamente essa oportunidade e essa âncora que é nosso corpo, é ele que nos permite sentarmos e nos acalmarmos, sem ele nossa mente é arrastada pelos ventos de seus sentimentos para lá e para cá. Fazer de nossa mente, uma mente estável, focada no bem e experimentarmos a felicidade, a serenidade e o samadhi é nossa oportunidade de nos conectarmos com um mundo superior.
Façamos desta oportunidade o nosso caminho.
Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, agosto/2021.