A discriminação é a própria igualdade universal | Monge Genshō

A discriminação é a própria igualdade universal | Monge Genshō

[CONTINUAÇÃO]

Continua o texto, tal significado da igualdade universal, é uma verdade frequentemente vista, tanto no mundo da natureza quanto na sociedade humana. E quando as pessoas alcançam um nível elevado de cultura, elas consideram o conjunto da vida no mundo como um todo, revelando assim essa igualdade universal na qual o céu e a terra têm a mesma origem. Nesse estado, todas as coisas formam uma só unidade, e a essência da verdade do Dharma é o absoluto único.

Então esse “dō”, do título Sandōkai, assinala como esse mundo se torna unificado e reunido em algo único e universal. E “kai”, que é a última sílaba, significa “conformidade, identidade, uniformidade”. Onde não há fissuras na relação entre duas coisas, elas combinam-se exata e precisamente. A conformidade do absoluto e do relativo, da identidade do absoluto e do relativo.

Comentando sobre o que estou fazendo, estou lendo pequenos trechos de uma obra bem maior. Então, pode ser que em uma página comentando apenas duas ou três frases. E, para aqueles que lerem o original depois, levem isso em conta.

A unificação de dois aspectos antagônicos formando algo único é o conceito e a maneira mais importante de pensar o conteúdo dos ensinamentos da Escola Mahayana. Por exemplo, isso corresponde ao sentido do ideograma “sokú” (即), que indica “unidade e igualdade de dois conceitos opostos”. Esta forma oriental de pensar, a fusão de dois aspectos opostos em algo único, é amplamente usada em muitas expressões fundamentais do Budismo, como afirmações que nos parecem sempre paradoxais, mas são propositais.

A discriminação é a própria igualdade universal, por exemplo. São dois aspectos opostos. A igualdade universal é a própria discriminação. Ou a forma é o próprio Vazio. Ou o Vazio é a própria forma. Conceitos que vocês já estão acostumados, porque constam do Sutra do coração, constantemente recitados por nós. A mente comum já é a própria mente búdica. Todas afirmações contraditórias em si mesmas. Mas eles querem dizer que dentro do contraditório está o próprio absoluto.

É como se dissemos assim, Grêmio e Internacional. Na realidade, os torcedores não estão enxergando, ambos gostam de futebol. O futebol abrange ambos. E não haveria jogos se não houvesse times ou rivalidades. Então, de um lado, a discriminação está contrariando o conceito de absoluto, mas o absoluto se expressa através das próprias diferenças e da própria discriminação. É como nós dizermos o branco e o preto, as duas cores existem porque a outra existe. Se não existisse branco, não poderíamos entender preto. Se não houvesse preto, não poderíamos entender branco. Então, branco e preto, são apenas aspectos do absoluto.

Então as contradições nos parecem um problema, mas quando nós as olhamos, nós vemos dentro delas uma beleza, que é a beleza do próprio absoluto, que abrange todas as diferenças. O problema está nas mentes, que transformam essas diferenças que são as próprias expressões do absoluto em um problema.

Então, existem essas palavras que formam pares, que exibem um antagonismo relativo. Palavras como fonte original, e afluentes. A expressão “fonte original” é uma comparação com a origem principal de um rio, nascente e afluentes referem-se à comparação com as suas ramificações secundárias. Fonte original faz alusão ao mundo absoluto, enquanto afluentes ao mundo relativo.

[CONTINUA]


Palestra proferida por Genshō Sensei em teishō na Daissen Virtual 29 em junho de 2024.