” Estou ainda “sob o efeito” do sesshin. :o) Devo lhe dizer que
nunca me senti tão bem, tão leve e lúcido.
É realmente como se eu estivesse feito um ano de zazen… :o)
O mais interessante nisso, é que os resultados vieram depois, ou
quase depois, quando começamos o ante-penúltimo zazen
Até então, confesso que havia questionado até mesmo minha própria
permanência no Budismo. Não estava vendo sentido algum nisso
tudo… Pensei que na verdade só estava complicando minha vida
buscando um “caminho espiritual”.
Mas finalmente, esses sentimentos (que me ensinaram muita coisa)
se exauriram juntamente com a grande solidão que eu estava sentindo.
o que mais me marcou foi a força da sangha, mas acabei esquecendo
de falar de um profundo sentimento de solidão que me abateu devido
ao silêncio e a distância de casa…estava só, comigo mesmo. Não gostei muito do que vi e tbm percebi o quanto sou dependente das pessoas que me cercam.
O sesshin me ensinou muito sobre meus relacionamentos tbm…
Mas agora, feliz com os “resultados” do sesshin, me surge uma dúvida:
Há muito tempo, penso que antes mesmo de conhecer o Budismo e talvez tenha sido este o motivo que me levou a buscar um caminho espiritual (pois minha busca começou por motivos positivos, não foi devido a um trauma ou coisa parecida), vivo em constante contemplação. Algo como um kenshô,segundo o que o sr explicou no retiro. Cerca de 30 a 40% do meu dia, normalmente são acompanhados de um profundo sentimento de unidade com a natureza e com as pessoas. Quando estou indo para ……………………………….., estou sempre atento as flores do caminho, as nuvens e pessoas… quando está chovendo, contemplo a chuva sobre o guarda-chuva e o céu cinza. Isto para mim é natural, me sinto até estranho por não dar muita bola para a chuva, diferente dos outros que sempre reclamam dela (ou do sol forte).
Em meu zazen, mesmo quando ele é péssimo, ao menos por alguns
segundos, sempre sinto a vacuidade e alguma unidade…
Agora, com o sesshin, acredito que este período tenha aumentado
durante o dia…
O que mais noto, é a lucidez de pensamento e ação…
Mas sei que isso não vai durar muito. Que a média vai cair
novamente para os 30 ou 40% (ou até menos)… Sei que quando os problemas maiores e o cansaço do dia-a-dia começar a aumentar, será difícil manter a média.
No sesshin achei estranho que muitas pessoas não tenham esta experiência constantemente… muitos a tiveram pela primeira vez. Na verdade, foi esta experiência que me “provou” ser o Budismo aquilo que, ao menos agora, eu “desejo”. Foi isso que me provou através de uma pequena demonstração, onde a prática pode me levar… É isso que me provou, e prova, a “existência” de algo “além”, que na verdade não está em lugar nenhum e está em todos, está sempre aqui. A existência daquilo que não pode ser dito… só provado. Que me mostrou o verdadeiro sentido do termo “liberdade”.
Como disse, sinto isso quase que diariamente, de forma diferenciada e em intensidades que variam tbm. Principalmente quando tudo está bem. Quando os estudos estão em dia, quando o trabalho não exige muito (sobra tempo para escrever e-mails), quando o cansaço não bate e principalmente quando estou em harmonia com as pessoas, ………………………………. Mas quando os problemas começam a surgir, a intensidade vai baixando e em alguns dias, vivo como uma “pessoa normal”.
(Trechos de carta de um aluno sobre um retiro zen budista.)