A tarefa real da prática do Zen é alcançar a luz, e a tarefa institucional do professor é ser capaz de reconhecer este feito. Dogen Zenji escreveu um texto, que se transformou em livro que não está disponível em português, cujo título é “Só Buda reconhece Buda”. Então, é necessário alguém que tenha tido uma experiência para poder reconhecer a experiência no outro. Caso contrário, morre a linhagem, a transmissão. Não há continuidade quando não há nenhum professor disponível capaz de reconhecer a experiência.
Mais ainda, a experiência tem muitos e muitos níveis, desde o nível mais básico, que é sair para a caminhada, ter uma experiência, ver algo, sentir algo, ter uma experiência especial. Este é o primeiro nível, e esse é o nível do Kenshô: naquele instante você viu sua verdadeira natureza durante um momento. Não foi muito profundo, mas foi muito significativo, e essas experiências têm uma porção de descrições que tornam seu reconhecimento relativamente fácil. Quando um mestre ouve uma experiência real, ele sabe que é certa. Mas o Kenshô é apenas o início do caminho, pois o nível alto é Satori.
[N.E.: trecho de transcrição da palestra realizada pelo Monge Meihô Genshô Oshô, em novembro de 2016.]
