São precisos deuses para existir moral?

São precisos deuses para existir moral?

Comentário em lista, do Prof. Dr. Ricardo Mário Gonçalves à respeito de anunciada campanha de combate aos ateus, como se a crença em deuses, e seus prêmios e castigos, fosse a  base de toda a moralidade:

“1.A maioria dos ocidentais ainda não consegue pensar em outras religiões sem recorrer ao modelo cristão. Isso porque desconhece a ciência das Religiões, que recorre a conceitos mais abrangentes do que o de Deus, como, por exemplo, o de Sagrado, que é utílizável tanto por monoteístas como por politeístas, animistas, xamanistas e mesmo por adeptos de religiões não-teístas como o Budismo.
2.O budismo é uma religião muito peculiar justamente por ser não-teísta. A maior parte dos ocidentais está tão presa ao modelo cristão que nem sequer consegue pensar na possibilidade de uma religião sem deus(es).
3.Sendo uma religião não-teísta, o budismo está na interface entre as religiões e o ateísmo. Por isso mesmo filósofos ateus contemporâneos como Sam Harris tendem a se aproximar do budismo a partir da Neurociência e da Física de ponta.
4.Identificar moralidade com crença em Deus é uma grande bobagem. Alguns dos maiores crimes registrados na História da Humanidade foram cometidos em nome de Deus: Cruzadas, Inquisição, etc., etc. Já na Antiga Roma o velho e bom poeta Lucrécio denunciava os crimes alicerçados na religião em seu poema didático “De Natura Rerum”. Por outro lado, a História registra também ateus notórios e militantes anticlericais que foram homens de grandes virtudes, como por exemplo o filósofo ateu Paul-Henri Thiry, Barão d’Holbach (1723-1789).
gasshô,
Shaku Riman”