O tempo | Monge Genshô

O tempo | Monge Genshô

Pergunta: Heidegger em seu livro “Ser e o tempo” disserta sobre fenomenologia e ontologia. Entre as principais questões está a questão de ente, de ser e de tempo. Como seria a questão do tempo dentro do zen?

Monge Genshō: Para Dōgen o tempo não é linear, o passado e o futuro estão contidos em um único ponto e a noção que temos de que o tempo passa não é mais do que uma ilusão persistente. Mas isso é muito difícil de compreender para nós que estamos acostumados, como Heidegger, a viver num tempo newtoniano, que é uma linha que passa pelo presente deixando o passado para trás e tendo o futuro à sua frente.

Não será através do estudo dos filósofos que conseguiremos despertar. Os filósofos discutem há 2.400 anos e nunca chegaram ao fim dessa discussão e nenhum de nós temos 2.400 anos de tempo de vida para gastar tentando chegar a algum lugar.

Por isso, um filósofo como Wittgenstein, que foi talvez o maior do Século XX, termina seu tratado com a constatação de que a linguagem é insuficiente para resolver o problema filosófico. Não admira que Heidegger tenha lutado tanto e cada um dos outros também tenha feito tanto, se depois deles Wittgenstein chega a esta conclusão de forma muito bem estruturada. E ele está apenas repetindo um ensinamento do Dharma, um ensinamento de Buddha “as palavras são insuficientes”.

Resposta proferida por Meihô Genshô Sensei, Daissen-Virtual, outubro de 2021.