Pergunta – Na cerimônia há uma passagem que diz que “transferimos os méritos desse sutra…” como que é isso?
Monge Genshô – Se todos somos um e estamos todos ligados, tudo que fazemos atinge todas as pessoas, não é necessária nenhuma transferência. Tudo que você faz atinge todos os seres, todas as coisas do universo. Você e o universo são uma única coisa. Atingidos pela ilusão de estarmos num corpo, olhamos as coisas e nos vemos separados. Tudo que fazemos, de bom ou ruim, contamina todos os seres.
Pergunta – Qual o pensamento do Budismo sobre reencarnação?
Monge Genshô – Não existe alma ou mesmo um “eu”, portanto, se não existem almas ou espíritos e se o “eu” é uma ilusão construída por nossa mente, o que existe para reencarnar?
Pergunta – Se vida e morte são uma coisa só, por quê é errado matar?
Monge Genshô – Mesmo que o sofrimento seja parte integrante da vida e mesmo que seja parte de um sonho, ele é real. Quando você vê uma pessoa tendo um pesadelo, é apenas um sonho, mas ele está sofrendo. Se você tem compaixão e não deseja que os seres sofram, você não irá causar sofrimento. Embora seja ilusório, ele é realidade. Quando você vê os pontos em forma de pessoas, em certo sentido é ilusão, mas são seres e sofrem. Vida e morte são partes integrantes de uma única coisa, como dois lados de uma moeda. Nascimento e morte são a própria vida. Nenhum ser, mesmo ilusório, deseja sofrer e morrer, por isso matar é errado e isso se estende a todas as formas de vida.
Quando fazemos nossos votos prometemos proteger todas as formas de vida e não somente as humanas. Não somos os reis da criação. Não fomos feitos a imagem e semelhança de um Deus, ou somos todos deuses ou não existem deuses. Essa é a visão budista.