O Mundo Relativo | Monge Genshô

O Mundo Relativo | Monge Genshô

Muitas vezes, quando estamos envolvidos em nossa vida comum, mergulhamos em seus jogos, em seus sobe-e-desces, em seu mecanismo de ganhar e perder, e isso é pura competição. Também nos deixamos tomar pelas ansiedades decorrentes desse mecanismo de sermos bem-sucedidos e nos alegrarmos, ou de fracassarmos e nos sentirmos entristecidos.

Ora, o mecanismo dos jogos da vida, do trabalho, da carreira, dos títulos, do ganhar e do perder, de fracassar ou de ser vitorioso, é o mesmo mecanismo de qualquer diversão sem muita profundidade. É como colocarmos em nossa mente que torcer por um time ou pelo país, ou por qualquer competição, é uma realidade. É deixarmos de perceber o quanto de fantasia e de construção mental está contido em tudo isso.

Este é o mundo relativo, o mundo em que as coisas sobem e descem em contínuo movimento. 

Se a nossa mente se foca no absoluto que abrange todas as coisas, que é indistinguível das formas e que, por sua natureza, é estável – não sobe e nem desce –, se colocamos nossa mente focada nesse inconcebível e inominável absoluto, escapamos do mundo relativo e vemos que ele é impermanente, que assim como surge hoje desaparece amanhã, e que reside apenas nas mentes e nas memórias. 

Sentamo-nos para praticar zazen, para deixar o mundo relativo e penetrar no absoluto. Nossa verdadeira natureza é absoluta, não está sujeita a nascimento e morte, não ganha nem perde, não está sujeita às flutuações, às ansiedades, e não reside na memória. Todas essas construções são feitas em nossa mente com a linguagem e ela, como construção que é, também é falsa e nos leva a nos perdermos do absoluto e entramos em um mundo cíclico, em contínua mudança.

Ver nossa verdadeira natureza e penetrar o absoluto é realmente difícil. Mas, do outro lado, é a perfeita salvação do mundo relativo. Nele, no absoluto, há tranquilidade, eternidade, calma e realização plena. 

Deixemos que nossa mente seja abandonada e nosso corpo também, para penetrarmos neste resplendor de pura luminosidade.

Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, Daissen-virtual, outubro/2021.