Pergunta: Mas então não seria possível de certa forma eu me lembrar da minha vida passada?
Monge Genshō: teoricamente sim, porque a informação no universo é indestrutível e, portanto, poderia ser acessada, mas felizmente você não pode acessar, porque, ao que me recordo, já tem muita coisa na minha vida que eu gostaria de esquecer. Imagine se isso fosse somado à vida anterior. E que bom que eu me esqueci.
Tem um poema de Augusto dos Anjos em que ele fala sobre o insuportável mau cheiro da memória. Há memórias boas, mas há memórias boas também de serem esquecidas.
Pergunta: Há uma história de um garoto que tinha uma condição que permitia que ele lembrasse cada dia de vida, cada detalhe.
Monge Genshō: isso é uma maldição. Há um conto de Borges, chamado “Funes, o Memorioso”. Ele tem que ficar num quarto escuro porque está sempre lembrando detalhe por detalhe. Você pode ler o conto de Borges sobre o memorioso. É muito interessante, você vai ver que é uma maldição. Então que bom que você não se lembra.