Mas o que é esta Plena Atenção, este “estar no Aqui e Agora”?

Mas o que é esta Plena Atenção, este “estar no Aqui e Agora”?

Mas o que é esta Plena Atenção, este “estar no Aqui e Agora”?
A cultura Ocidental tornou-se muito “informal”. Conseqüentemente, muitos praticantes se rebelam contra o rigor da “forma” no Zen. Mas no fundo o que significa “informal”? Acaba significando “in-forme”, ou seja, “sem forma”, “caótico”. Aqueles praticantes condicionados na “informalidade” se assustam quando tentam praticar as formas do Zen, pois talvez nunca cultivaram tamanho “auto-controle” nas suas atividades. Talvez achem tudo isso “pura chatice”. E quando ouvem um professor falar da importância de fazer as coisas com “naturalidade” e “espontaneidade”, acreditam que o seu jeito de fazer as coisas já é a “naturalidade” e a “espontaneidade” do Zen. Mas esta “informalidade”, na verdade, é um certo desleixo. Ou seja, não entenderam a “espontaneidade Zen”.
Mas também temos muitos “perfeccionistas” em nossa cultura. E como eles sofrem, inicialmente, com a nossa prática! Não entendem o que significa a verdadeira “Plena Atenção”. Confundem o rigor do Zen com a sua atenção aos detalhes, com a pressão e auto-cobrança quase obsessivos do perfecionismo que viveram no passado. Quando estes alunos fazem suas atividades sem estar verdadeiramente no Aqui e Agora, tendem a cair em suas auto-cobranças obsessivas, e sofrem muito. Talvez, querendo escapar do sofrimento, mas sem perceber a verdadeira causa, reclamam que o Zen é exigente demais, afirmando que “não precisava ser tudo tão certinho”… A verdade é que não estão entendendo a prática de olhar para os seus condicionamentos se manifestando e voltar à respiração, como treinam fazer com os pensamentos no Zazen.
Já os professores, às vezes, parecem bastante estranhos, aparentemente se contradizendo, uma hora pedindo “naturalidade e espontaneidade” e logo em seguida pedindo “precisão”, corrigindo vários detalhes. Pedem que façam as coisas “corretamente” e logo em seguida falam coisas como “Não tenha medo de errar! Se vai errar, por favor, erre com tudo!”.
Estão vendo os seus alunos indo de um extremo ao outro: tentando “não errar”, caem no perfecionismo; tentando agir “naturalmente”, caem no “desleixo”. Dualidade pura.
Falando paradoxalmente, aparentemente se contradizendo, os professores estão convidando os alunos a descobrirem a Plena Atenção, uma terceira postura na vida que permite uma precisão e atenção a detalhes que é natural e espontânea – algo bem diferente dos dois extremos do desleixo informal e do perfecionismo obsessivo da mente condicionada. Estão convidando os alunos a virem para o Aqui e Agora, plenamente conscientes de si mesmos, dos outros, do ambiente, das circunstâncias e de suas ações. Estão convidando-os a descobrir o “Zen na Ação”, a levar para as atividades diárias aquele mesmo estado de paz e tranqüilidade que é vivenciado no Zazen. Estão convidando-os a libertarem-se dos seus condicionamentos, manifestando a “mente iluminada”.
Este é o método do Zen.
Extrato de trecho de
Monja Isshin, a íntegra pode ser lida aqui