1) O senhor comentou sobre os gestos vazios, quais são os significados das reverências que fazemos quando entramos no Zendo e de quando vamos sentar no zafu?
Monge Genshô – Quando entramos na sala, reverenciamos a sala, o local da prática. Temos nesse local uma estátua de Buda a nos lembrar de que um mestre, Shakyamuni Buda, existiu e nos ensinou este tipo de prática. A reverência não é para a estátua em si, mas sim para o local, quem faz deste um lugar especial, somos nós. Basta não ter olhos de ver para transformar em vidro um raro diamante. Nós, através do nosso conhecimento é que damos valor às coisas.
Quando vamos sentar no zafu fazemos uma reverência e nos conscientizamos de tudo que foi necessário acontecer para que o zafu estivesse onde está para que possamos sentar e praticar. Após isso giramos e fazemos nova reverência, desta vez para todos nossos colegas, como a pedir desculpas por todos os sons que iremos emitir e porque vamos nos mexer e perturbá-los. Cada gesto deve ter dentro de si esta reverência e temos mais que isso, temos que levar esta reverência para nossos lares. Quando você abre o chuveiro na sua casa, sai água, você deve ter reverência por tudo que tornou possível você ter seu banho confortável de água quente. Cada coisa que existe em sua casa, cada conforto, tem por trás muita morte e sofrimento. Por isso no sesshin fazemos tantas reverências. E a cada reverência temos que nos lembrar porque é assim.
Todos os rituais foram criados pelos mestres para nos ensinar e nos lembrar de algo. Todas essas batidas (bate com a mão na mesa reproduzindo o toque no Umpan) devem passar a sensação da vida se esvaindo, cada vez mais rápido e mais fraco. Cada vez que ouvirem lembrem-se do motivo pelo qual as batidas seguem esse ritmo. Assim como quem bate não deve bater de qualquer jeito, tem que colocar um significado no que faz.