Texto humorístico/imaginativo, algo no estilo de Jorge Luís Borges, publicado no blog “Cortar em Um” (link ao lado) de autoria de Lucas Seigaku da Sangha de Florianópolis:
[excertos do Dicionário Etimológico Languas Pósodernas (3) – amglês, brasílico e guatemedjuco, de Posbor e Glia, d.a. Meeklândia, 00.04560,78, 2173. Com exceção das citações e dos itálicos, a tradução é do texto original.]
SATORIR
Etimologia breve
Origem
A primeira citação do verbo “satorir” data de 2043, na dissertação de nirvanado de Filómeno Bolshoi, na Bodsátvica Academia Budista (BAB) de Palmas, no estado de Tocantins do (então) Brasil. Em sua primeira acepção, de “atingir o satori”, foi usado com extrema cautela por Bolshoi; porém, a simplicidade de uso fez com que, paulatinamente, o neologismo fosse cada vez mais citado em obras posteriores. No decorrer de apenas 10 anos, as citações em obras congêneres cresceu em ritmo geométrico, de 3 para 567. O próprio “ó-mula-das-serras-azuis” Guigui Camargo o utilizou com este mesmo significado (e com inconfundível declinação incorreta) na sua célebre frase: “Dizem que satorio… e eu só rio”.
[….]
Uso popular
Com a Anistia Leonina de 2079, podemos ouvir, no discurso do neuroteólogo Menes Meneses: “… e asque propêm ilusôs, digam-lhes: estamo atentos e satoriados.” Nesta acepção de “não ser, de maneira alguma, suscetível de ser iludido; desperto”, foi que “satorir” passou para o discurso popular, assumindo significados mais do que comportava sua original conotação espiritual. Os versos de Tina Lamberte gravaram a palavra nas almas mais ardentes: “Satoró, satoró, satoró / caim tus ropas e eu ací [….]”
Em meados de 2150, “satorir” tinha cerca de 23 significados distintos, entre eles “estar livre de doenças oftamológicas”, “ter uma visão justa de mundo”, “comportar-se de acordo com padrões éticos inalienáveis”, “experimentar um estado de êxtase químico”, e outros. Substantivado, o verbo passou a fazer parte de nomes de indústrias (Satoria, indústria de produtos de limpeza e vinho), AVIs (SATORI, SaTorystória, Meeklândia), distinções diplomáticas e religiosas, celebrações e festas civis, nomes próprios (Satorélena, Sator), veículos orbitais (o Satór’t de Glivon Kelvin) e práticas sexuais heterodoxas.
[….]
Em 2167, a Associação dos Mundos Cristãos do Sol protestou veementemente contra a inclusão de 45 neologismos com o radical “sator-” no léxico mexicano, alegando a sua “muta granda igaliánza colo palevar ‘satan’ [….]”; pedido este negado.
Usos atuais
Palerta Umbar nont askeó me ta define inaxata ta relation beetraim tattoo paries. Aldo me fenso que neam satored, tara sebim considera ta moron lata caralió.
Wicca Tsur-lilú
Domentetoigostasatorantuum, sarapiquáratara?
Pustacamustainstitusta (HILI – Highly-Inflected Languages Institute)
Ai, ce calour… poesce estote satoriremos a la uontás pir pir pintim caipir, cé Deus!, deusdará manhatam préstel di carne.
Blec Maria Coleridge
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[segue a conjugação do verbo satorir extraído da Gramática? Universal? Brasileira?, de 2147; famosa por incluir as já obsoletas e abandonadas formas verbais em tu e vós, vestígios do final da época colonial do século XX]