Dalai Lama renuncia ao poder político

Dalai Lama renuncia ao poder político

Parlamento exilado do Tibete aceita retirada do Dalai Lama da vida política
Líder espiritual dos budistas tibetanos decidiu se afastar para dar lugar a dirigente eleito.
Governo da China, que controla o Tibete, classificou decisão de ‘ardil’.

O Parlamento do Tibete, que funciona no exílio em Dharamsala, no norte da Índia, aceitou nesta sexta-feira (25) o afastamento político do Dalai Lama mediante uma votação por unanimidade de várias resoluções que visam a modificar a estrutura do movimento, anunciou à France Presse um membro do parlamento.
“Esta é uma decisão difícil de tomar para fazer uma emenda à Constituição e afastar Sua Santidade da política tibetana, mas faremos isso pelo bem dos tibetanos em longo prazo”, declarou Karma Yeshi.
Aos 75 anos, o Dalai Lama rejeitou os pedidos do Parlamento tibetano para que reconsiderasse a decisão de abandonar as funções políticas dentro do movimento tibetano.
Ao ser questionado na semana passada sobre uma possível mudança de ideia, o Prêmio Nobel da Paz declarou: “Não. Eu pensei por muitos anos (…), minha decisão a longo prazo é a melhor”.
Dalai Lama, durante o 52º aniversário da fracassada insurreição tibetana contra a China, em 10 de março. O líder espiritual dos tibetanos anunciou que renunciava a seu papel político para deixar o posto a um novo dirigente “livremente eleito”, uma decisão que o governo da China classificou de “ardil” para enganar a comunidade internacional.
“Meu desejo de transmitir a autoridade não tem nada a ver com uma vontade de renunciar às responsabilidades”, declarou o Dalai Lama durante um discurso em Dharamsala, norte da Índia, onde vive exilado.
“É pelo bem a longo prazo dos tibetanos. Não porque me sinta desanimado”, completou.
Sem nenhuma responsabilidade política, o Dalai Lama terá mais tempo para dar conferências e viajar por diversos lugares do mundo, como afirmou.
O religioso e Prêmio Nobel da Paz considera que o movimento tibetano está suficientemente maduro para eleger diretamente o novo chefe de Governo tibetano no exílio.
O prêmio Nobel da Paz em 1989 tinha 15 anos quando foi nomeado “chefe de Estado” em 1950, após a chegada das tropas chinesas ao Tibet.
Em 1959 fugiu da China e se refugiou em Dharamsala, após o fracasso de uma revolta contra Pequim.
O Dalai Lama, herdeiro de uma dinastia espiritual fundada no século XIV, acredita que o “caminho do meio” é a melhor solução.
Nascido em 6 de julho de 1935 em uma família camponesa da aldeia de Taksar, no nordeste do Tibet, Lhamo Dhondrub foi eleito como 14ª manifestação do chefe supremo do budismo tibetano, o Dalai Lama, quando tinha apenas 4 anos, em 22 de fevereiro de 1940.
Fonte: G1