Apego é “uma forma imatura de amor”, declara o psicanalista Erich Fromm. A psicanálise prefere falar de simbiose quando há um desejo inconsciente de fusão total entre duas ou mais pessoas, impedindo assim a manifestação da identidade de cada uma. No amor – principalmente o amor entre pai, mãe e filhos – há um sentimento amadurecido em que a união cuida preservar a integridade de cada um, a própria subjetividade. Enquanto que a simbiose é um tipo de relação que imobiliza o outro, controlando-o segundo interesses egoístas, o amor verdadeiro também deseja inconscientemente de dois fazer UM, mas quando é “trabalhado” ambos sabem respeitar o espaço e a identidade de cada um.
A experiência diz que o amor – qualquer forma de amor – perdura se considera e respeita o outro como ele é. Já o apego, por não deixar o outro ser, termina sufocando o seu desenvolvimento e a própria troca afetiva. Quando os pais vivem apegados aos filhos, podem terminar impedindo o livre curso de seu desenvolvimento psíquico e de sua própria capacidade de distinguir apego de amor.
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Algumas famílias se fecham em si mesmas, impedindo seus membros se afastem ou pensem diferente delas. Famílias fortemente apegadas, simbióticas, receosas de que seus membros construam a própria personalidade podem ser tão problemáticas quanto uma família dividida, esquisita ou indiferente. A família precisa manter vínculos amorosos entre seus membros, mas deve evitar apegos egoístas.
_Raymundo de Lima
*Psicanalista e professor