(continuação)
Há uma outra história, com balde, num famoso conto Zen, sobre uma monja que carregava um balde cheio de água, era noite e a luz da lua se refletia na superfície da água do balde, de repente o fundo do balde partiu-se, a água toda escorreu e ela viu: nem água nem lua, e neste momento despertou. O que é que vemos nas nossas vidas de sonhos, tão nítidos, que não é um reflexo na superfície, como a lua que se reflete na água? Esta vida é um sonho nítido, um discípulo perguntou a Joshu que morria: – “Mestre, diga alguma coisa! ” e ele já com 118 anos disse: – “Não tenho nada para dizer.” O discípulo insistiu: – “Mas nos diga alguma coisa, nos deixe alguma coisa !”, e Joshu respondeu: – “A vida é um sonho”, e expirou.
Sim a vida é um sonho, mas um sonho muito nítido e como é tão nítido, nos perdemos nele. Sempre acorremos quando temos um amigo sofrendo de um pesadelo, vemos que ele sua, geme, sofre. Nos vamos lá, sacudimos seus ombros e dizemos: – “Acorda! Acorda! Ei, acorda!” E ele despertando diz: – Ah! Ai…era só um sonho”” , mas ainda o coração está acelerado. Nós nos perguntamos se é tudo ilusão, se a vida é um sonho, por que os mestres estão ensinando? Porque se compadecem do sofrimento do pesadelo e por isso tentam acordar seus alunos para que eles possam dizer: “Ah! Era só um sonho!”
Como o poema de Fayan:
“Por toda parte que eu vá, a lua da noite gelada cai como quer, nos vales adiante”, demonstrando o caminho incomparável da verdade última.
Monge Genshô, (Palestra como Shusô, na noite que antecedeu seu Hossenshiki, outubro de 2008)