A grande questão da finitude ilumina a forma | Monge Genshō

A grande questão da finitude ilumina a forma | Monge Genshō

Monge Butsukei: Sensei, as pessoas sempre enviam muitas perguntas ou queixas de que elas não sabem para onde estão indo? Como será o futuro? Como elas podem ter uma vida mais saudável? Então, a pergunta é: como gerenciar a vida com sabedoria?

Genshō Rōshi: Sim, esse é realmente um problema importante? Na realidade nós deveríamos saber como fazer isso. Ainda poucos dias atrás, eu conversei com um filho meu sobre um novo emprego, uma possibilidade, uma oferta que estavam fazendo a ele. E ele tinha uma dúvida sobre como deveria encarar uma mudança de vida uma mudança de cidade? E eu dei a ele uma solução que parte do seguinte raciocínio: nós temos uma vida limitada. Se a nossa vida fosse ilimitada, fosse infinita, nós teríamos tempo para fazer qualquer coisa, para executar qualquer projeto. Para direcionar nossa vida em múltiplas direções. Mas isso não é o fato. O fato é que nossa vida vai terminar e ela tem um prazo para isso. Você não vive muito. Quando você está na minha idade já sabe que restam poucos anos. E você vê os seus colegas, as pessoas da sua idade, os seus amigos indo embora. E então, você tem que pensar na sua própria finitude. Se você pensa sobre isso, isso dá razões à sua vida. Isso seria a melhor maneira de você raciocinar sobre como deveria gerenciar a vida. Então, eu dei ao meu filho a seguinte cogitação: imagine que você tivesse três anos de vida, que você soubesse, só tem mais três anos. O que você faria agora, nesse ano? Quais seriam os seus planos? Como você gerenciaria a sua vida neste momento? E isso começa a clarear toda a questão. E nós podemos estender isso a prazos bem mais curtos.

Você poderia se levantar de manhã e pensar: e se esse hoje fosse o último dia da minha vida? Como eu agiria? Eu discutiria com alguém sobre uma posição política? Eu brigaria em família? Eu faria o quê? Como eu viveria meu último dia se eu soubesse que era o último dia? Então você quereria se reconciliar, desculpar, perdoar, certas coisas não seriam mais tão importantes. Você gostaria de dizer para as pessoas que ama, que você as ama. Você faria essas coisas não? Então, você pode começar agora, não é? Esse seu último dia, seu último ano, seus últimos três anos como eu propus para o meu filho que estava cogitando um emprego. E se você soubesse como eu, não devo ter mais do que 20 anos no máximo, esse é limite das pessoas da minha idade, não é? Como devo viver esses anos? O que devo fazer? O que devo escrever? Se devo publicar livros, se devo ajudar pessoas, se devo acumular bens, quem sabe? Ou se devo viajar e conhecer lugares interessantes. O que eu faria? Com o tempo que me resta? E isso ajuda você a pensar: que valores eu vou colocar a minha frente para gerenciar a minha vida de agora em diante. Quais são os limites temporais dessa vida e como é que eu vou fazer com que ela seja satisfatória? Será que eu vou me incomodar com uma questão pequena como a questão de limites no terreno da minha casa? Como é que eu vou agir a respeito das pequenas coisas e das grandes coisas? Quais são as coisas que eu não vou deixar para trás? Isso então pode iluminar a maneira de gerenciar as grandes direções. E existem também as pequenas direções.

Ou seja, a cada dia existem pequenas coisas que nós podemos fazer que dão valor à existência e a cada dia nós podemos prestar atenção nestas coisas. Aquele objetivo, aquela grande questão da finitude ilumina a forma. A forma como eu vou conduzir minha vida, mas ela permite que nós façamos planos para as pequenas coisas da vida diária. Se eu vou cuidar da minha saúde, se eu vou comer de tal ou qual forma, se eu vou prestar atenção com compaixão nos outros seres ou se eu vou ignorar isso e tratar apenas da minha felicidade ou interesse pessoal neste momento? Há alguns truques que podem facilitar bastante você, por exemplo, nós devemos fazer uma agenda sobre o que vamos fazer amanhã, na próxima semana. Nós podemos ter uma agenda bem organizada e estabelecer: eu vou fazer isso em tal horário, e isso em tal outro horário, etc…

[CONTINUA]


Resposta proferida por Genshō Rōshi na live sobre “Como ser budista”, do canal Sobre Budismo, durante o ano de 2022.