Daissen
Skip to content
Comunidade Zen-Budista Daissen
Daissen
  • Home
  • Quem Somos
  • O Zen
    • Breve História do Zen
    • O que é Zen?
  • Atividades
    • Curso Ensinamentos do Dharma
    • Praticando o Zen
    • Daissen Presencial
    • Voluntariado
    • Calendário Institucional
  • Pratique Conosco
  • Contato
  • Loja
Search for:
Quem sou se tirar o “eu” ?
Home
>
Blog
>
Quem sou se tirar o “eu” ?
Quem sou se tirar o "eu" ?
10/03/2014in Blog0by daissen

Quem sou se tirar o "eu" ?

Aluno – Porquê?
Monge Genshô –  Porque o “eu” é muito nítido, muito forte, você abre os olhos e vê os outros. Você tem ouvidos e ouve sons. E você pensa “Ah, isso sou eu!” Isso não é você, isso são sons, é a visão, são os cheiros. Porque você pensa que é o que ouve, o que vê, o que cheira, o que prova. Nós pensamos que nossa mente somos nós mesmos, essa conformação mental é nossa consciência, esse que pensa como Descartes “Penso, logo existo”. Eu penso, logo eu existo. Não é isso. Eu penso, só penso. Esse pensar não fez um “eu”. Assim como a chuva que cai não faz nada, não faz um “eu”. Nós pensamos, só pensamos. Esse pensar nos atrapalha, cria a ilusão de um “eu”. Por isso sentamos e tentamos fazer com que nossa mente se acalme. Porque quanto mais ela cogita, mais ela se agarra à sua identidade e tem medo que sua identidade desapareça. Tem tanto medo que a identidade desapareça que cria fantasias religiosas. “Eu vou continuar para sempre, eu tenho uma alma eterna. Quem morre não sou eu, é só o corpo, eu continuo depois.” Vemos isso nos desenhos animados. Tom, o gato, morre e a alma dele vai saindo do corpo e ele consegue agarrá-la pelo rabo e a puxa de volta. Nós criamos essas fantasias mas não existe uma alma eterna. Nós somos o movimento da vida. Nós somos eternidade. Nós temos continuidade sim, há continuidade, não há com ir embora. A morte é uma ilusão.
Pergunta – Então porque a vida inventou o pensamento?
Monge Gensho – A vida não inventou o pensamento. O pensamento é só uma função da vida. Porque as plantas fazem fotossíntese? É uma função das plantas fazerem fotossíntese. Porque nós temos sentido, os nossos sentidos nos dão informações, eu toco e percebo, esse contato produz uma sensação, essa sensação viaja pelos meus nervos até meu cérebro e assim eu tenho uma percepção – “Ah, o braço da cadeira” – essa percepção junto com outras percepções faz as formações mentais, porque eu tenho percepções mentais eu crio uma consciência que diz – “Eu sinto o braço da cadeira” – preciso do “eu” para sentir o braço da cadeira, não é que o “eu” seja uma coisa inútil, precisamos dele para viver, caso contrário não posso falar, me movimentar, fazer as coisas. Só que confundo o “eu” com minha verdadeira natureza. Minha verdadeira natureza não é o “eu”. Minha verdadeira natureza é a unidade de toda a vida. A minha verdadeira natureza não é contato, percepção, sensação, formação mental consciência. O “eu” é construído com esses sentidos, agora, se eu tirar isso, o que resta? É por isso que os homens inventaram as religiões, porque eles ficam apavorados com essa sensação, “meu eu irá desaparecer, eu sou o meu eu”! “Quem eu sou se tirar o eu”? Então surge a angústia, a angústia da morte, porque todos percebem que os corpos se desfazem, a gente morre, e a gente quer que o “eu” continue.
Por isso criamos as histórias de paraísos, reencarnações, almas eternas. Nós queremos uma solução para todas as coisas da vida. Então as religiões mais bem sucedidas são as que apresentam uma solução mais bem acabada, mais fácil. Imaginem, a religião mais popular no nosso meio que é o cristianismo, nos trouxe um conceito que no evangelho Cristo não ensina, mas que é criado depois por seus sucessores, principalmente Paulo – a idéia de um Deus que veio à terra, que é um salvador e que carrega os pecados do mundo. Isso resolve todo problema cármico, porque eu não pago mais pelos meus pecados, há um salvador que paga para mim.  Se eu fiz algo errado se eu matei, mas me arrependo, vem um salvador paga pelos meus pecados e eu não preciso pagar as conseqüências, então eu retiro o carma, pois tem um salvador para pagar por mim.
Isso retirou dos homens a culpa, porque o pecado tem perdão, tem um salvador, tem um redentor. Vejam que isso é uma solução muito bem sucedida, pois com isso, você está liberto de todas as consequências, de todos os seus pecados, vai para o paraíso ser feliz para sempre, para toda a eternidade. Nunca mais nenhuma morte, para sempre, pela eternidade sem fim sempre com um eu, minha alma pessoal junto da divindade. É a solução, tudo resolvido.
Uma solução dessa tornou-se muito popular e é muito mais sucedida que as religiões que a antecederam, que não tinham soluções assim. Haviam os deuses do império romano ou grego, que eram seres humanos que maltratavam homens e as pessoas ficavam submetidas aos desejos desses deuses que eram não racionais ou não bondosos, você era joguete dos deuses, era uma solução falha. E o cristianismo tem todo o mérito de viver com uma solução assim que tudo resolve. Mas o budismo não tem essas soluções. A idéia do Zen budismo é: vou tirar todos os tapetes e bengalas nos quais você se apóia. Não há nenhum salvador e não há perdão, o que você fez tem conseqüências e essas conseqüências são inescapáveis, não há ninguém lá fora para socorrer você.
O budismo diz que você está enganado quando pensa que você é um “eu”. Você é muito mais que isso, se você sair desse enredamento, você se liberta. O dedo do budismo aponta para liberdade, para o despertar. Mas ele exige grande esforço, nada virá de graça, através de uma concessão divina ou intervenção de alguém, então você tem que trabalhar para se libertar. É o que a gente faz no sesshin. Não existe um caminho fácil no budismo, todo ele tem esforço. E não existe nenhuma promessa de fé ou qualquer coisa assim, não existe mágica no budismo.

budismo corpo Descartes deuses divina eu existo logo mágica mente penso perdão Salvador sentir solução tirar zen
Facebook
Twitter
Google+
LinkedIn
Pinterest
Related posts
Décimo Elo da Originação Dependente: Bhava – Parte 2 | Monge Genshō

Décimo Elo da Originação Dependente: Bhava – Parte 2 |…

26/06/2025
Décimo Elo da Originação Dependente: Bhava - Parte 1 | Monge Genshō

Décimo Elo da Originação Dependente: Bhava - Parte 1 |…

11/06/2025

Navegação de Post

Previous PostNão é um eu que está vivendo
Next PostO tempo de viver é só o tempo de viver
Buscar
Search for:
Visite nossa Lojinha

Zafu
Almofada para meditação

Livro
O Pico da Montanha de Gensho Sensei

Samuê
Roupa para prática e trabalho

Banquinho
de madeira para meditação
Visite nossa Loja
Navegar no blog por categorias
  • Blog
  • Destaque
  • Eventos
  • Vídeo
Navegar no blog por palavra chave
apego Buda budismo caminho carma China compaixão consciência despertar Dharma Dogen ego eu experiência felicidade Florianópolis Genshô iluminação ilusão karma kenshô liberdade meditação mente mestre Monge monges morte palestra pensamentos prática realidade retiro sabedoria Saikawa Roshi samadhi Sangha satori sesshin sofrimento Vazio vida zazen zen zen budismo
Navegar no blog por data
  • junho 2025
  • maio 2025
  • abril 2025
  • março 2025
  • fevereiro 2025
  • janeiro 2025
  • dezembro 2024
  • novembro 2024
  • outubro 2024
  • setembro 2024
  • agosto 2024
  • julho 2024
  • junho 2024
  • maio 2024
  • abril 2024
  • março 2024
  • fevereiro 2024
  • janeiro 2024
  • dezembro 2023
  • novembro 2023
  • outubro 2023
  • setembro 2023
  • agosto 2023
  • julho 2023
  • junho 2023
  • maio 2023
  • abril 2023
  • março 2023
  • fevereiro 2023
  • janeiro 2023
  • dezembro 2022
  • novembro 2022
  • outubro 2022
  • setembro 2022
  • agosto 2022
  • julho 2022
  • junho 2022
  • maio 2022
  • abril 2022
  • março 2022
  • fevereiro 2022
  • janeiro 2022
  • dezembro 2021
  • novembro 2021
  • outubro 2021
  • setembro 2021
  • agosto 2021
  • julho 2021
  • junho 2021
  • maio 2021
  • abril 2021
  • março 2021
  • fevereiro 2021
  • janeiro 2021
  • dezembro 2020
  • novembro 2020
  • outubro 2020
  • setembro 2020
  • agosto 2020
  • julho 2020
  • junho 2020
  • maio 2020
  • abril 2020
  • março 2020
  • fevereiro 2020
  • janeiro 2020
  • dezembro 2019
  • novembro 2019
  • outubro 2019
  • setembro 2019
  • agosto 2019
  • julho 2019
  • junho 2019
  • maio 2019
  • abril 2019
  • março 2019
  • fevereiro 2019
  • janeiro 2019
  • dezembro 2018
  • novembro 2018
  • outubro 2018
  • setembro 2018
  • agosto 2018
  • julho 2018
  • junho 2018
  • maio 2018
  • abril 2018
  • março 2018
  • fevereiro 2018
  • janeiro 2018
  • dezembro 2017
  • novembro 2017
  • outubro 2017
  • setembro 2017
  • agosto 2017
  • julho 2017
  • junho 2017
  • maio 2017
  • abril 2017
  • março 2017
  • fevereiro 2017
  • janeiro 2017
  • dezembro 2016
  • novembro 2016
  • outubro 2016
  • setembro 2016
  • agosto 2016
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • março 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • dezembro 2015
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • agosto 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • abril 2015
  • março 2015
  • fevereiro 2015
  • janeiro 2015
  • dezembro 2014
  • novembro 2014
  • outubro 2014
  • setembro 2014
  • agosto 2014
  • julho 2014
  • junho 2014
  • maio 2014
  • abril 2014
  • março 2014
  • fevereiro 2014
  • janeiro 2014
  • dezembro 2013
  • novembro 2013
  • outubro 2013
  • setembro 2013
  • agosto 2013
  • julho 2013
  • junho 2013
  • maio 2013
  • abril 2013
  • março 2013
  • fevereiro 2013
  • janeiro 2013
  • dezembro 2012
  • novembro 2012
  • outubro 2012
  • setembro 2012
  • agosto 2012
  • julho 2012
  • junho 2012
  • maio 2012
  • abril 2012
  • março 2012
  • fevereiro 2012
  • janeiro 2012
  • dezembro 2011
  • novembro 2011
  • outubro 2011
  • setembro 2011
  • agosto 2011
  • julho 2011
  • junho 2011
  • maio 2011
  • abril 2011
  • março 2011
  • fevereiro 2011
  • janeiro 2011
  • dezembro 2010
  • novembro 2010
  • outubro 2010
  • setembro 2010
  • agosto 2010
  • julho 2010
  • junho 2010
  • maio 2010
  • abril 2010
  • março 2010
  • fevereiro 2010
  • janeiro 2010
  • dezembro 2009
  • novembro 2009
  • outubro 2009
  • setembro 2009
  • agosto 2009
  • julho 2009
  • junho 2009
  • maio 2009
  • abril 2009
  • março 2009
  • fevereiro 2009
  • janeiro 2009
  • dezembro 2008
  • novembro 2008
  • outubro 2008
  • setembro 2008
  • agosto 2008
  • julho 2008
  • junho 2008
  • maio 2008
  • abril 2008
  • março 2008
  • fevereiro 2008
  • janeiro 2008
  • dezembro 2007
  • novembro 2007
  • outubro 2007
  • setembro 2007
  • agosto 2007
  • julho 2007
  • junho 2007
  • maio 2007
  • abril 2007
  • março 2007
Daissen
© 2025 Daissen. Todos os direitos reservados.