Vi que mais de setenta pessoas estão reunidas para sentar-se juntas neste Desafio Virtual. Isto é de grande alegria para todos nós porque a Sangha é uma das Joias do Budismo. Quando nos sentamos juntos, damos força uns aos outros e sentimos que não estamos sozinhos. Por essa razão, abrimos as câmeras e mostramos nossa postura e nossa determinação para que os outros possam sentir que estão acompanhados; para os outros sentirem que somos um coletivo, um grupo, que estamos ombro a ombro, que não estamos sozinhos em um mundo de incompreensão.
Nosso mundo é assolado há muitos milênios pelo egoísmo e pelas fantasias de nações, grupos e raças. Essas fantasias nos levam a conflitos, nos levam à perda do sentimento de compaixão, de vermos que os outros sentem dores como nós. A própria ideia de que existem os outros para um Buda não tem sentido. Pertencemos a uma verdadeira natureza unificada. Nossa verdadeira natureza não é a nossa manifestação como indivíduos. Essa manifestação é um sonho. Nossa verdadeira natureza é como um oceano, e os seres são como ondas na sua superfície, surgem e desaparecem.
A iluminação em si é voltar a se perceber oceano e abandonar o sonho como mera ilusão. Por isso estarmos juntos é extremamente importante. Porque dissolve um pouco a nossa noção de separatividade, nossa noção de sermos um indivíduo que não é parte do todo. O todo é nossa verdadeira natureza. Que, sentados em zazen, possamos abandonar esta mente conceitual que nos separa de tudo e que nos faz seres que surgem e desaparecem. Tornar-se consciente do todo é perder a ilusão de surgir e desaparecer. Um bom zazen a todos.
Palestra proferida por Genshō Sensei em teishō na Daissen Virtual em 1º de março de 2024.
